«UMA DOENÇA DO SONO RARAMENTE VEM SÓ»

Quinta, 11 de Agosto de 2022 - 10:22

Uma noite mal dormida pode ter consequências a vários níveis. O alerta é dado por Miguel Meira e Cruz, Diretor clínico do Centro Europeu do Sono, que alerta para a importância de não deixar evoluir as doenças do sono.

 

Revista H (H) – Quais os malefícios de uma noite mal dormida?

Miguel Meira e Cruz (MMC) - Um sono inadequado, quer em tempo quer em qualidade, interfere negativamente tanto na qualidade de vida, como na saúde e na interação social.

O cansaço e a sonolência, associados ao défice de sono, agudo e crónico, predizem, de forma independente, acidentes de viação, acidentes laborais, aumento da morbilidade e mortalidade precoce. Um sono diminuído altera, em diferentes níveis, a secreção hormonal e de neurotransmissores que regulam funções e comportamentos.

O sono incompleto ou “ineficaz” está relacionado com muitos outros fatores negativos, como a interação social, incluindo a familiar. Quem dorme pouco ou mal tem mais dificuldade em aceitar limites, tem maior tendência para consumir substâncias estimulantes e até ilícitas e menos capacidade para fazer uso do pensamento crítico (julgando de acordo com as normas).

 

H - Quais são as principais perturbações do sono e as causas?

MMC - As principais entidades nosológicas em Medicina do Sono, se relevarmos a frequência com que ocorrem e o impacto que têm, são as Insónias e as Perturbações Respiratórias do Sono (como a apneia obstrutiva do sono). Ambas atingem mais de 50% da população e ambas ocorrem, muitas vezes, em conjunto, ou seja, em comorbidade.

A associação da apneia do sono às doenças cardiovasculares é dramática. Quem tem apneia do sono tem mais probabilidade de ter hipertensão e Diabetes e de vir a morrer por isso. Mas, também, tem uma maior probabilidade de ser obeso, viver com o peso do stress, de incluir comportamentos de risco, por via do consumo de tabaco ou álcool, e de praticar menos exercício físico.

A relação entre insónia com estes fatores de risco é mais baixa, mas também real, o que indicia que os mecanismos são eventualmente distintos. Sempre que estivermos perante um quadro clínico de apneia do sono e insónia, nestes casos os riscos aumentam, não apenas pela soma dos fatores, mas porque acumulam vias que potenciam esse risco com outras determinantes.

 

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