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A era dos influenciadores digitais 

Quarta, 16 de Abril de 2025 - 11:56

Quem nunca recorreu ao Dr. Google para tirar uma dúvida de saúde? Ou ficou seduzido a descobrir uma nova dieta ou creme apenas porque viu um conteúdo nas redes sociais, e, associado, muitos “Likes, numa página online de um reconhecido influencer?  A utilização das redes sociais como fonte de informação está a crescer, assim como a possibilidade de se falar abertamente sobre alguns temas. Ao mesmo tempo, surge a necessidade de estarmos mais atentos pois nem tudo o que vem à rede da Internet, ou das redes sociais, é peixe! 

O marketing de influência tem-se afirmado como uma estratégia poderosa na promoção da saúde em Portugal (e no Mundo), permitindo que mensagens sobre bem-estar e prevenção alcancem um público mais vasto. O desafio passa por identificar quais são as vozes confiáveis.

«As mensagens são exponenciadas, partilhadas, repetidas, independentemente do fundamento e credibilidade das mesmas», alertou a nutricionista Joana Gonçalves Ramos, em declarações ao jornal “Público”, a propósito do trabalho de mestrado que desenvolveu com o tema “Caracterização dos influencers e dos seus conteúdos no âmbito da alimentação saudável em Portugal”.

E as conclusões do estudo deixam o alerta, «os indivíduos avaliados não possuem idoneidade para comunicar nutrição. O algoritmo do canal Instagram filtra os conteúdos apresentados, permitindo às marcas amplificar as suas vendas, e perturba os usuários mais sensíveis no que diz respeito à imagem corporal».

A influência dos influencers digitais

Ninguém tem dúvida da relevância dos influenciadores digitais. Com a sua capacidade de envolver e motivar audiências, tornaram-se aliados essenciais a ter em conta na hora de promover hábitos saudáveis. Um simples post acaba por chegar a milhares, ou milhões, de pessoas, algo nem sempre atingível com as campanhas institucionais mais tradicionais. 

A nutricionista Bárbara Oliveira, conta com 225 mil seguidores no Instagram, e não tem dúvida sobre as vantagens dos influenciadores na área da saúde, «o público sente que existe mesmo alguém real a ouvir as suas dores, que compreende os seus desafios e que fala com uma linguagem mais simplificada.

Acabamos por ser uma inspiração para a mudança - partilhamos rotinas, receitas, hábitos, conquistas, pessoais e até de clientes - que podem motivar outras pessoas a adotar comportamentos mais saudáveis e também, muito importante, a desmistificação e combate à desinformação». Mas, Bárbara Oliveira alerta para alguns perigos: «há muita desinformação e até simplificações exageradas, porque nem todos os influenciadores têm formação na área de saúde».

A nutricionista chama também a atenção para o excesso de promoção de produtos e de soluções milagrosas, «a normalização de padrões pouco saudáveis, o remeter para corpos e padrões que sejam perfeitos, que podem reforçar ideias estéticas inalcançáveis, mesmo que seja sem intenção, podem gerar confusão entre opinião e a evidência efetivamente validada, não é? Porque uma coisa é algo testado em mim e outra coisa é algo testado num público muito maior. Portanto, o que funciona para um não funciona necessariamente para o outro ou para outros».

O maior problema é que o público não consegue, muitas vezes, fazer uma distinção clara entre o que é real ou não: «há um grande caminho ainda para percorrer na literacia em saúde e nas redes sociais. E alguns sinais de alerta são, por exemplo, a linguagem demasiado absoluta, do género “isto é certo”; “isto é errado”; “isto é saudável”; “isto não é saudável», alerta a nutricionista.

Existe ainda outro formato de linguagem que «apela ao medo e à culpa, ou ainda à partilha de resultados rápidos e transformações milagrosas para os quais é preciso, mais uma vez, ter algum cuidado», afirma. Por isso, a nutricionista influencer, apela: «é muito importante existir um pensamento crítico do público, pois não podemos aceitar tudo e devemos sempre questionar-nos».

 

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