
DOENÇAS DO MOVIMENTO: PERDER O CONTROLO DO CORPO
Sexta, 03 de Junho de 2022 - 16:27
As doenças do movimento estão a aumentar e a afetar pessoas cada vez mais novas.Ainda sem curas à vista, estas doenças neurológicas acabam por limitar vidas e apenas as terapêuticas personalizadas conseguem oferecer a desejada qualidade de vida.
António Camilo, 59 anos, natural de Lisboa, só começou a reparar nos sinais que o corpo lhe estava a dar por insistência dos colegas e clientes. «Diziam-me que não parecia o mesmo e questionavam-me se estaria doente», conta. Ao início desvalorizou, mas a frequência com que estes comentários eram feitos, levaram-no a estar mais atento ao seu estado de saúde. Foi reconhecendo a apatia, o mal-estar geral e a lentidão dos seus movimentos que, naturalmente, o levaram ao médico.
Entre exames e despistagem de diagnósticos, no fim, o veredito: Doença de Parkinson. Na altura, tinha apenas 38 anos. Recorda-se de perguntar, de imediato, ao médico: «E o cérebro? Vou perder capacidades?». O neurologista soube descansá-lo, mas só até certo ponto. Saiu do consultório preocupado com o seu futuro, agora que fazia parte das pessoas que, de surpresa, são apanhadas por uma Doença do Movimento.
SINAIS QUE SE ATRAPALHAM
Joaquim Ferreira, neurologista, define as Doenças do Movimento como «doenças neurológicas que se caracterizam pelo facto de os doentes apresentarem movimentos involuntários», os quais assumem diversos nomes – tiques, tremores, coreias, ataxia ou distonias – e que, consoante as suas características, são associados a diferentes patologias.
Ainda que a lista destas doenças seja extensa, o diretor clínico do Campos Neurológico Sénior, destaca as três mais frequentes: a Síndrome das Pernas Inquietas, o Tremor Essencial e a Doença de Parkinson. Na primeira, «os doentes sentem um desconforto nas pernas, nomeadamente à noite e ao deitar, que se pode manifestar com dor ou dormência, melhorando quando se levantam e andam», explica. «Alguns estudos epidemiológicos revelam que cerca de 10% da população geral sofre da Síndrome das Pernas Inquietas», sublinha o especialista.
No caso de um Tremor Essencial, pelo nome, é fácil perceber qual o movimento involuntário que lhe é associado. «Ocorre quando as pessoas estão a mexer as mãos e, em geral, diminui quando estão em repouso», explica o neurologista. O tremor é, de igual forma, característico da Doença de Parkinson, a terceira doença mais frequente e que afeta cerca de 20 mil portugueses. Contudo, e no caso do Tremor Essencial, «as pessoas tremem em pausa e, ao realizarem tarefas, os tremores tende a diminuir».
A IMPARÁVEL PROGRESSÃO
A diversidade de sinais leva Ana Castro Caldas, coordenadora clínica do Campus Neurológico, a afirma que as Doenças do Movimento são um grupo de patologias bastante “heterogéneo”, com um elemento comum: resultam de lesões cerebrais. «A origem do movimento involuntário nem sempre é da exclusiva responsabilidade cerebral. Contudo, na sua grande maioria, é como se o cérebro tivesse um bug – como se um computador se tratasse – o qual de manifesta através de movimentos involuntários”, acrescenta Joaquim Ferreira.
Leia o artigo completo na sua Revista H55