
DOENÇA VENOSA CRÓNICA «PREVENIR E ATUAR DE FORMA PRECOCE»
Quinta, 23 de Junho de 2022 - 10:31
Ricardo Gouveia defende que é fundamental informar o utente para que este saiba identificar sintomas e perceba as suas necessidades. Deixar agravar a doença tem custos de saúde que podem ser evitados.
H - O que é a doença venosa crónica? Em que consiste e como se caracteriza?
Ricardo Gouveia (RG) - Na doença venosa crónica (DVC) existe uma alteração da função e das paredes das válvulas das veias, sobretudo nas pernas, nos membros inferiores. Essa alteração vai dificultar a circulação do sangue e causar maior pressão nas paredes das veias. Estas passam a ter maior dificuldade em acomodar este aumento e dilatam-se, formando aquilo a que, normalmente, as pessoas conhecem como varizes.
A DVC tem vários estadios, começando no grau zero, em que não existem sinais visuais da doença, mas que, por vezes, já existem queixas. Nos últimos estádios, 5 e 6, já existe feridas abertas, por exemplo.
H - A que sintomas devemos estar atentos?
RG - Os sinais e sintomas, normalmente acontecem de forma difusa. Os mais conhecidos são a dor, sensação de peso nas pernas, calor, inchaço ao nível dos tornozelos e, por vezes, prurido (comichão). Ao nível da consulta, a principal queixa é a sensação de pernas pesadas e cansadas.
É fundamental tentar identificar a DVC numa fase precoce, antes de se instalar com uma gravidade tal que já implica tratamentos mais invasivos, como seja a cirurgia vascular.
H – A prevenção é essencial. Qual a relevância das ações de rastreios na comunidade?
RG - Prevenir e atuar de forma precoce é fundamental. Os rastreios são importantes, principalmente, as ações de sensibilização para a doença, campanhas e alertas para os sintomas da doença.
A educação para a saúde é uma área muito importante em que cada vez se investe mais. É importante apostar no empoderamento do utente, ou seja, dar ao utente as ferramentas adequadas para ele perceber quais são os seus problemas e as suas necessidades de saúde.
H - Como podemos tratar a patologia?
RG – Ao nível do tratamento, distinguiria três fases. Uma primeira fase de medidas higieno-dietéticas (com foco na alteração do estilo de vida). Depois, o tratamento farmacológico e, por fim, os tratamentos cirúrgicos.
Esta patologia acontece muitas vezes em pessoas com comportamentos sedentários, que passam muitas horas sentadas ou em pé (estáticas). Às vezes, alterações simples, como beber água ou levantar-se de meia em meia hora, têm um grande impacto. Por exemplo, no caso das pernas cansadas, se não nos hidratarmos bem ao longo do dia, no final do mesmo vamos sentir ainda mais esse cansaço.
H – Não prevenindo, não tratando a tempo, quais as implicações na vida das pessoas?
RG – A DVC pode ter implicações ao nível pessoal, da autoestima da pessoa, da imagem que a pessoa tem de si pelo facto de ter, por exemplo, umas pernas com varizes exuberantes. E isto pode ter, também, um grande impacto na sua vida social.
Também podemos falar de consequências económicas. Se a pessoa tiver uma doença muito sintomática vai ter um maior absentismo e menor produtividade.
Os sintomas podem ainda ter um forte impacto na qualidade de vida. Se a pessoa sente dor e peso nas pernas, a sua qualidade de vida vai necessariamente diminuir, não vai estar tão confortável.
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