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COM O CORAÇÃO NO OUTRO

Segunda, 08 de Janeiro de 2024 - 12:25

Disponibilidade. Paciência. Empatia. Facilidade em comunicar. Confidencialidade. Resistência ao stress. Estabilidade emocional e trabalho em equipa.

Todos podemos ter um lugar no voluntariado. Apesar de os dias serem corridos, há quem abrace a causa e leve mais saúde a quem precisa. Muitas vezes, só por ter tempo para ouvir!

«Dar o seu tempo, competências e conhecimentos em prol da comunidade na qual se está inserido, sem desejos de qualquer ganho material ou imaterial e, portanto, de forma completamente altruísta». A causa é nobre por isso Tiago Costa, coordenador nacional da Área de Voluntariado e Juventude da Cruz Vermelha Portuguesa (CVP), já anda por estas lides há alguns anos. Contudo, partilha: «em 2023, é seguramente mais difícil encontrar voluntários do que era há cinco, dez ou quinze anos. Existe uma mudança no paradigma do voluntariado». E explica: «tradicionalmente, procurava-se uma instituição com a qual se identificassem e agarravam-se as oportunidades de voluntariado que existissem. Hoje, as pessoas no âmbito do voluntariado, procuram fazer coisas muito concretas, por um curto período, com o maior impacto possível. Como não se criam grande ligação às instituições, mais facilmente mudam de projeto».

Para Marta Vinhas, da associação Entreajuda, ser voluntária é «estar envolvido como ser participante em ações concretas. É um modo de estar na vida e um exercício de civismo e de coresponsabilidade pelo bem-comum». Mas, também ela constata que o voluntariado tradicional perdeu alguma da sua expressão, sendo mais difícil encontrar pessoas que, «a título voluntário, queiram respeitar regras e horários». Uma dificuldade que se agrava, diz, quando falamos do “voluntariado em Saúde”.

Mobilizar a sociedade

Para além das questões de disponibilidade, falar em voluntariado é também sinónimo de abordar as questões relacionadas com a gestão do stress, a motivação e a tolerância. «Lidar com a dor, com o sofrimento e com a exclusão não é algo que se faça sem compaixão, sem comoção, sem se dedicar e sem cuidar. É fundamental ser resiliente e ter aturada formação para gerir conflitos, comunicar com os doentes e com os profissionais de saúde e participar, complementarmente, nas tarefas prestadoras de cuidados», refere Carlos Pinto Ribeiro, presidente da Direção da Federação Nacional do Voluntariado em Saúde (FNVS).

E, na verdade, Carlos Pinto Ribeiro olha para o voluntariado em Portugal ainda como uma causa que precisa de ser alimentada, já que a sociedade portuguesa é, ainda, pouco participativa em atividades de trabalho voluntário. Uma realidade que, considera, poderá relacionar-se com as «débeis condições socioeconómicas da sociedade». Ou seja, a par do desenvolvimento económico de um país vem uma maior consciência social, ou o seu inverso. «Portugal ocupa um dos últimos lugares de participação ativa das pessoas em tarefas de voluntariado, com uma taxa de 7%.  Em alguns países europeus, a taxa de participação chega a ultrapassar os 40%. No caso da Holanda cresce para os com 57%», conta.

Saiba mais na Revista H64. Disponível na Farmácia Holon.