
Alterações climáticas: Saúde mais vulnerável
Terça, 28 de Maio de 2024 - 10:17
Chuvas e ventos mais persistentes. Dias de calor mais recorrentes. Fogos florestais mais intensos, alternados com ciclones e inundações. Todos estes fenómenos potenciados pelas chamadas alterações climáticas têm efeitos na qualidade do ar e, por consequência, na saúde da comunidade. Um desses efeitos é a mudança no calendário polínico, fazendo com que a temporada de alergias se torne mais longa e difícil.
Provavelmente já se deu conta de que a época de alergias está a ficar mais agressiva. À medida que a temperatura global aumenta, as plantas produzem mais pólen, o que induz uma produção polínica por um período mais extenso e, em alguns casos, alterações na sua própria composição. Por consequência, a fase das alergias tende a tornar-se também mais longa e intensa.
Pedro Carreiro Martins, Secretário-Geral da Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica (SPAIC), concorda com esta visão e confirma: «agora, as épocas polínicas começam mais cedo e terminam mais tarde. Temos pólen no ar durante mais tempo, com picos polínicos mais elevados e, os próprios grãos libertados pelas plantas, podem estar mais agressivos».
O alergologista refere que as alergias mais comuns junto da população portuguesa são a rinite alérgica e a asma. «Os estudos epidemiológicos indicam que cerca de 25% da população tem queixas de rinite e 7% queixas de asma», explana o Professor Associado com agregação da Nova Medical School, que adianta «dentro dos alérgenos, os mais comuns são os ácaros do pó doméstico, os ácaros de armazenamento e os pólenes.»
Novo padrão de alergia
Relativamente ao pólen, «no nosso país os mais relevantes são o da gramínea, o da parietária e da oliveira», enumera o especialista. Contudo, existe uma grande possibilidade de mais plantas entrarem nessa lista, alerta. «Padrões de chuva alterados facilitam a germinação de certas plantas, podendo favorecer a dispersão geográfica de espécies. A acrescentar a este cenário há ainda a chegada de espécies invasoras que pode dar origem a um novo padrão de alergia», continua.
Não é por isso de estranhar que a população com maior propensão para sofrer de alergias deva redobrar os cuidados e apostar na prevenção. «De uma forma geral, as manifestações das doenças alérgicas tendem a ser mais frequentes em idade pediátrica», frisa Pedro Carreiro Martins. E alerta: «pessoas com uma história familiar de doença alérgica, que residam em zonas mais poluídas, que apresentem um estilo de vida mais sedentário e que não tenham uma dieta saudável, apresentam uma maior vulnerabilidade».
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