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ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS: OS EFEITOS COLATERAIS NA SAÚDE

Quinta, 16 de Março de 2023 - 14:19

Os tempos estão incertos, mas não há dúvida de que as alterações do clima já me manifestam e estão a ter impacto na saúde de todos. Com os vírus a circular à velocidade da luz, e cada vez mais globais, é importante adotarmos comportamentos preventivos para minimizar o impacto dos fenómenos extremos causados pelas alterações climáticas.

O tema das alterações climáticas está na ordem do dia. Na última reunião do Fórum Económico Mundial (FEM), em Davos, o diretor executivo do Fundo Global de luta contra a Sida, Tuberculose e Malária foi claro: as alterações climáticas são apenas um dos fatores que podem dificultar os esforços para erradicar as doenças e vão, sem dúvida, alterar a geografia dos mosquitos. Num tom não de alarme, mas de alerta, Peter Sands relembra os múltiplos surtos de infeções de malária que se seguiram às recentes inundações no Paquistão e ciclones em Moçambique, em 2021.

Em Portugal, o dia do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA) foi marcado com uma conferência com o tema “Alterações climáticas — Impacto na Saúde”, proferida pelo médico infeciologista Kamal Mansinho.  O ministro da Saúde, Manuel Pizarro, também presente, aproveitou para alertar que os fenómenos climatéricos extremos tiveram «um profundo efeito» nas causas de doença e de morte dos portugueses e reforça, «não se pode perder tempo, temos que alterar este fenómeno.»

AUMENTO DE ZOONOSES

Para o médico e professor Fernando Maltez, diretor de Serviço de Doenças Infeciosas, do Hospital Curry Cabral, em Lisboa, não tem grandes dúvidas quanto à «evidência» desta relação.

«É claro e evidente que há um grande impacto das alterações climáticas na saúde das pessoas», até porque os seus efeitos «vão modificar a distribuição da quantidade dos vetores que transmitem as doenças infeciosas», nomeadamente os «padrões migratórios das aves selvagens». Em simultâneo, também «vai diminuir o tempo de sobrevida dos micro-organismos fora do hospedeiro».

Ao haver a referida modificação dos vetores, causada pelas alterações climáticas, há uma migração de doenças de uma zona para outra. Fernando Maltez exemplifica com as migrações de aves: «ao fugirem das áreas afetadas por estes fenómenos, podem transportar com elas vírus, como a influenza (que provoca a gripe), deslocando assim este vírus para outras regiões.» Ao mesmo tempo, a “procura” de novos hospedeiros para sobreviverem, leva os micro-organismos a mutarem-se de forma a encontrarem novos hospedeiros, entre eles os humanos. Uma das razões que tem levado, nos últimos anos, a um aumento de zoonoses, ou seja, de doença, em geral infeciosa, transmitida pelos animais aos seres humanos.

 

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